APROFUNDAMENTO
“A ciência nada mais é do que o senso comum refinado e disciplinado” G. Myrdal
CIÊNCIA E SENSO COMUM I
A ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais. Ela é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos.
A ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais. Ela é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos.
Senso comum é aquilo que não é ciência. Para aqueles que teriam a tendência de achar que o senso comum é inferior à ciência, eu só gostaria de lembrar que, por dezenas de milhares de anos, os homens sobreviveram sem coisa alguma que se assemelhasse à nossa ciência.
CIÊNCIA E SENSO COMUM II
O defeito é que faz a gente pensar. O que não é problemático não é pensado. A gente pensa porque as coisas não vão bem – alguma coisa incomoda. Quando tudo vai bem, a gente não pensa, mas simplesmente goza e usufrui... O pensamento pode simular o real. Quando um cientista enuncia uma lei ou uma teoria, ele está oferecendo um modelo da ordem. O problema é exatamente construir uma ordem ainda invisível de uma desordem visível e imediata. Só nos entregamos a problemas que julgamos poder resolver com os recursos de que dispomos. A observação sugere, mas não dá resposta. É necessário imaginação.
Enunciar com clareza o problema é indicar, antes de mais nada, de que partes ele se compões. É a este procedimento que se dá o nome de análise. O mecânico que desmonta o motor está envolvido em análise: separando cada e todas as partes, uma a uma.
“O místico crê num Deus desconhecido. O pensador e o cientista crêem numa ordem desconhecida. É difícil dizer qual deles sobrepuja o outro em sua devoção não-racional” L. L. Whyte
Não se pode negar, por outro lado, que o senso comum e a ciência nos apresentam visões de ordem muito diferentes uma da outra. Sua ordem pessoal é profundamente marcada por preferências, emoções, valores. A ciência, desde seus primórdios, tratou de inventar métodos para impedir que os desejos corrompessem o conhecimento objetivo da realidade.
É a ciência e não o senso comum que parece ser o mais absurdo.
“É um paradoxo que a Terra se mova ao redor do Sol e que a água seja constituída de dois gases altamente inflamáveis. A verdade científica é sempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana, que apenas capta a aparência efêmera das coisas” (K. Marx)
“toda ciência seria supérflua se a aparência, a forma das coisas fosse totalmente idêntica à sua natureza” (Marx, O Capital, v. III [1894], p. 951).
Referência bibliográfica:
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. São Paulo: Loyola, 2000.
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